CAVALARIA X RAMO PIONEIRO – Verdade ou Mito?

Senhoras e Senhores

Assim como prometido durante a semana, vou falar sobre um assunto que vai ser um tanto polêmico. De início quando o Pioneiro Vitor Caliari do 25/ES Grupo Escoteiro Jequitibá da cidade de Aracruz me sugeriu o tema eu fiquei muito interessado, até mesmo pelo fato de ser pioneiro, mas não esperava que o assunto em si tivesse uma natureza mais delicada.

Sem mais mistérios, vamos falar hoje sobre:

“Cavalaria(Lendas do Rei Arthur) X Ramo Pioneiro”

Logo após receber a sugestão do Vitor, meu primeiro passo foi ir atrás de informações. Assim, entrei em contato com Luiz Cesar de Simas Horn que é gerente nacional de métodos educativos da UEB e que também trabalha na parte de pesquisas, tradução e edição de livros de B.P. e sobre o movimento escoteiro, ou seja, o cara sabe do que está falando.

Conversando com ele descobri que na realidade essa relação nunca existiu, e que tudo não passa de um mal entendido com algumas frases de Baden Powell que foram mal interpretadas por algumas pessoas e passadas adiante como se fossem a mais absoluta verdade. E digo a vocês que isso não é nenhuma novidade. Um exemplo simples disso são as canções escoteiras que passando de geração em geração chegaram a ter suas letras mudadas por que em algum momento alguém entendeu errado uma palavra e passou adiante.

Dai você me pergunta: -Cesar, por que você não vai direto ao assunto?

E eu te respondo! Não vou direto ao assunto porque sei que tem muita gente que sempre relacionou o ramo pioneiro com as lendas da cavalaria. Eu mesmo, confesso que me surpreendi! Passei toda a minha vida escoteira acreditando que essa ligação sempre existiu! Mas também faço questão de que leiam esses trechos a seguir retirados de 3 textos que falam do assunto.

Rei Arthur

Para começarmos, temos que entender sobre o fundo de cena. Segundo Luiz Paulo Carneiro Maia(Psicólogo, DCIM, Coordenador de formação da Região Escoteira do RJ)

“Quando se dispôs a utilizar o Método Escoteiro como instrumento de educação para crianças mais novas, Baden-Powell avaliou com bastante propriedade as vantagens de tirar proveito da justaposição entre realidade e fantasia que, nessa fase da vida, exercem ambas a mesma atração sobre as mentes infantis. Valores como lealdade, disciplina, amizade, fraternidade, coragem, respeito e solidariedade, entre outros, podem ser melhor compreendidos pelas crianças, no ramo lobinho, quando lhes são transmitidos por meio da associação com situações e comportamentos “observáveis”, envolvendo personagens que se movimentam no interior de um fundo de cena. Para compor este fundo de cena, B-P escolheu a obra O LIVRO DA JÂNGAL, de Rudyard Kipling, resumido em MOWGLI, O MENINO-LOBO, onde se desenvolve todo um segmento do Programa de Jovens que enfatiza, justamente, a socialização da criança, preparando-a para que, ao atingir a idade e as condições necessárias, prossiga sua formação, no Ramo Escoteiro.”

O Livro da Jângal - The Jungle Book

Realmente devo concordar que a utilização da história do Mowgli da outro aspecto para o ramo lobinho e o diferencia de todos os outros, deixando claro que tem uma base lúdica e é voltado para crianças. Ainda segundo Luiz Paulo:

A denominação de Alcatéia que se dá à seção, sua divisão em matilhas, a utilização de uma gruta, as vozes de comando, o grande uivo e a ampla utilização dos episódios narrados em O LIVRO DA JÂNGAL tudo isso se une, no Ramo Lobinho, para compor o fundo de cena onde se desenrola todo o processo de educação não-formal que o Movimento Escoteiro oferece às crianças entre os sete e os dez ou onze anos. Assim, no Ramo Lobinho – e só no Ramo Lobinho – o Escotismo explora um fundo de cena que, como no teatro, recorre à imaginação do educando, transportando-o para um mundo de fantasia onde “viver” em companhia dos personagens facilita e dinamiza o processo educativo, a ele imprimindo uma feição mais atraente e de efeito mais profundo e duradouro.

Pois bem, acho que temos bem claro o fato do fundo de cena fazer parte do ramo Lobinho e não dos outros ramos e com isso entramos na questão do ramo Pioneiro e as lendas do Rei Arthur e seus Cavaleiros. Nessa parte, é fundamental que saibamos o motivo pelo qual se criou essa relação.  No texto de Héctor Carrer(Bureau Mundial Escoteiro da Região Interamericana), escrito em setembro desse ano, “Rovers… Volver a las fuentes” ou traduzido “Pioneiros… retorno as origens”, ele explica os motivos para essa conclusão errada.

Se analisarmos os marcos simbólicos tradicionais dos outros ramos entenderemos que denominamos:

Lobinho – as crianças, porque remete ao mito do menino criado em uma alcatéia de lobos.

Scouts(Escoteiro e Sênior) – aos adolescentes porque remete ao mito dos exploradores, os homens dos bosques, os expedicionários, os descobridores.

Rover(Pioneiro)– aos jovens porque remete ao mito do viajante, do homem ou a mulher que saem a percorrer o mundo para transformá-lo e para transformarem a si próprios, durante essa viajem. Nenhum elemento do marco simbólico tradicional no ramo faz alusão aos cavaleiros ou a lenda do Rei Arthur, esta é uma distorção que surgiu a partir de traduções erradas de textos em espanhol, realizadas pelos mexicanos(e reconhecidas por eles mesmos com um grave erro de interpretação)”

Ou seja, tudo não passou de um mal entendido na hora de traduzir os textos, mas muita gente associa(sem saber desses fatos) o ramo e as lendas. Para ilustramos selecionei uns trechos do texto de João Rodrigo França, escotista do Rio de Janeiro.

Diz ele: “A faixa etária atendida pelo Ramo Pioneiro – o limiar entre o final da adolescência e o início da idade adulta –  prescinde da maneira mais absoluta de um fundo de cena. Quando se trata de desenvolvimento pessoal e de preparação para o correto desem­penho dos diferentes papéis sociais que a eles estão reservados, nada justifica, portanto, que a presença de uma lenda  – que só difere da lenda do Povo Livre da jângal porque seus perso­nagens são humanos, e não animais humanizados –  seja objeto de um culto tão valorizado por alguns adultos e jovens adultos que deixaram há muito, lá no passado da infância, as delícias do pensamento mágico. Respeitadas as características essenciais de um fundo motivador, pode-se, até, ad­mitir que o Ramo Pioneiro se reporte às virtudes dos cavaleiros medievais como um padrão de caráter digno de ser imitado. Arthur e os cavaleiros que com ele se sentavam aos redor da Távola Redonda representam, efetivamente, os elevados ideais da cavalaria medieval?”

Chegamos ai na grande questão! Segundo o autor os pioneiros podem sim buscar as virtudes dos cavaleiros, mas devem cuidar com o excesso de mistificação em torno dos mesmos.

Se nada justifica a existência de um fundo de cena no Ramo Pioneiro, muito menos se pode conceber a quase veneração que alguns escotistas e pioneiros exibem diante da lenda do Rei Arthur. Parece ser em razão dessa veneração que surgem em alguns rituais e cerimônias observados pelo Ramo, manifestações de um misticismo quase doentio, que ocupa o lugar reservado pelo Método Escoteiro para uma mística saudável e esclarecida, que apoia um programa educativo cuja ênfase se concentra no processo de integração do jovem ao mundo adulto que passa a ser o seu, privilegiando, sobretudo o serviço à comunidade, como expressão de cidadania, e auxiliando-o a pôr em prática os valores da Promessa e da Lei Escoteiras no mundo mais amplo em que passa a viver. A mística deve servir para marcar o Pioneirismo como uma fraternidade de vida ao ar livre e de serviço ao próximo, constituída por jovens adultos, com as finalidades claramente definidas na Regra 102 do p.o.r. O misticismo tende a converter alguns dos nossos Clãs em uma espécie de entidade exótica onde adultos e jovens adultos se comportam aos olhos alheios como seres alienados da realidade, isolados da comunidade que integram e bem pouco interessados em ampliar seus efetivos, como pólo de atração para os que deixam o Ramo anterior e para jovens estranhos ao Movimento que poderiam se interessar por uma autêntica fraternidade de vida ao ar livre e de serviço ao próximo.”

Confesso a vocês que eu nunca presenciei algum tipo de misticismo doentio nos clãs pioneiros, mas concordo que se isso existe deve haver uma conscientização, pois todos fazemos parte do mesmo movimento e ramo nenhum pode querer se individualizar ou sobrepor ao todo. É fato que cada clã, tropa e grupo têm suas próprias tradições ao redor do mundo, mas isso não deve ser confundido com a criação de uma nova “cultura pioneira”. Claro que no caso das lendas da cavalaria é algo totalmente diferente, pois não é um erro cometido propositalmente, então não cabe a ninguém julgar uma possível “falta de conhecimento”, mas é preciso entender também que devemos ter nosso foco voltado ao trabalho com a comunidade e ao nosso crescimento próprio na fase de transição entre a adolescência e a vida adulta e que pode claro, ser pontuado com alguma mística.

Finaliza João Rodrigo: “Assim como existem Clãs que se conservam apegados à mística exacerbada que chega a se confundir com o misticismo, também existem aqueles que puseram de lado a fantasia de Arthur e seus cavaleiros e que alcançaram, por este caminho, resultados bastante animadores que se refletem em: Redução da taxa de evasão do ramo; Aumento do efetivo do Clã,  com a captação de jovens que não participavam do Movimento Escoteiro e Desenvolvimento de excelentes projetos. O que se observa, nas Regiões Escoteiras que decidiram apostar na formação de adultos como forma de eliminar o misticismo, é que aumentou o número de GE’s onde está presente o Ramo Pioneiro e cresceu substancialmente o número de jovens que, depois dos 21 anos, seguem atuando como escotistas ou dirigentes nos GE’s em que foram pioneiros. O principal resultado, entretanto, só poderá ser aferido mais adiante, quando os jovens ex-pioneiros começarem a ocupar os espaços que a eles estão destinados, como cida­dãos firmes de caráter, participativos, limpos de pensamentos, leais, construtores da paz, solidários, amantes da natureza, coerentes em sua fé, impregnados, por fim, das caraterísticas que resultam da vivência correta da Promessa e da Lei Escoteiras.”

É claro que, mesmo sabendo desses fatos muita gente ainda se posiciona a favor da lenda dos cavaleiros. É o caso do Pioneiro Vitor que me sugeriu esse tema, logo depois da minha pesquisa eu conversei com ele sobre o fato que havia descoberto e ele me disse: “Sou a favor mesmo assim, porque a base do ramo Pioneiro é servir a Deus e a Pátria, da mesma maneira que os cavaleiros.” E realmente, se for para usar os ideais de honra dos cavaleiros, que até mesmo B-P descreveu como exemplo, não é preciso criar pano de fundo nenhum e nem mesmo mitos sobre essa história para que se use esses valores.

Contudo, nossos deveres como PIONEIROS são simplesmente SERVIR a Deus, a pátria e ao próximo, assim como prometemos um dia, já a maneira como o faremos fica a cargo de cada um. É preciso ter sempre em mente que fazemos parte do movimento escoteiro para crescermos como seres humanos e a melhor maneira de se abordar esse tema será com o debate, pois querendo ou não essa cultura já está enraizada em muitos grupos escoteiros e não irá mudar de uma hora para outra por uma simples imposição. É preciso também que se explique nos cursos de formação os benefícios do método educativo e quais as reais aplicações da mística pioneira, mas acima de tudo temos de buscar o equilíbrio, pois só assim chegaremos numa conclusão saudável para todos.

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E você? Qual a sua opinião?

Nos deixe um comentário dizendo o que pensa sobre o assunto!

Um grande abraço a todos!

Sempre Alerta para Servir Y

Post de: Cesar Wild


20 Respostas para “CAVALARIA X RAMO PIONEIRO – Verdade ou Mito?

  1. Rover(Pioneiro)- aos jovens porque remete ao mito do viajante, do homem ou a mulher que saem a percorrer o mundo para transformá-lo e para transformarem eles mesmos nessa viajem.

    aaaaaaaaah por isso que pioneiro gosta tanto de fazer HOHO hahahahahaha

    http://www.badenpowell179.blogspot.com

    http://www.clazumbi179.blogspot.com

    SAPS!

  2. Tanto não existe esse “fundo de cena” fixo, que existem clãs que não seguem de maneira alguma a “Mística Arturiana”… Temos vários exemplos em vários lugares do Brasil. O importante não é a mística (ou que tipo de “herói” você acha bacana: cavaleiro, samurai, pirata, guerreiro indígena[…]), mas sim o que ele agrega de valor (valores mesmo !) como lealdade, altruísmo, bondade…

    ServYr !

    Áquila Paz da Rosa
    Clã Maragato – G.E. Anhangüera 96/RS

  3. eu particularmente acredito que exista sim uma relação entre clã pioneiro e os cavaleiros. ja li o escotismo para rapazes varias vezes e tambem outros livro que analisam todo o universo escondido nas ideias de BP.
    mas minha opnião sobre isso eu tiro doque eu vejo, e sinto.
    eu sinto nos pioneiros um ar de cavaleiros em defesa de sues ideais.
    isso pode ou não estar escrito em algum lugar, não importa…
    atraves da pesquisa que faço do escotismo percebo que muitas vezes oque esta no papel ou é dito e repetido varias vezes não representa quase nada perto do que cada um, olhando pra dentro de si mesmo sente e pensa.
    podemos inventar milhões de teorias e dizer que é erro de interpretação, mas acho que nem mesmo BP pode responder certas coisas.
    a cada dia percebo que tem muito mais coisa escondida no movimento, alguns misterios e “lendas” se posso assim chamar.
    acho que o “lenda dos cavaleiros” é uma delas.
    BP era um grande conhecedor de varios paises, historia e misterios tambem, ele é um enigma a ser descoberto sabe…
    cabe a cada escoteiro descobrir os enigmas sozinhos… é mais divetido! hehe!!!!

    boa sorte aqui no blog
    to saindo de ferias agora e ja ja mando o texto sobre a minha pesquisa pra vcs!
    SAPS

  4. O post ficou muito bom e muito informativo. mandou bem galera…

    Vitor Caliari Lima
    Clã Misto Mario Ferro – 25º/ES

  5. Eu acredito que a mística possa sim ser usada, mas isso deve ser particularidade de cada clã. Os pioneiros devem se preocupar muito mais com o SERVIR e com sua formação escoteira, já pensando em seu futuro como escotista ou dirigente – e sua participação da rede de jovens líderes. As místicas empregadas devem ter como finalidade apenas questões idealistas, mas nunca devem sobrepor ao verdadeiro dever do pioneiro perane a sociedade.

  6. An…. Só tenho 20 anos de escotismo e já participei de diversos Grupos de 3 Regiões diferentes.
    Esse texto é uma comprovação de que os tradutores foram incopetentes e também é a comprovação de que a UEB não sabe o que faz?

    • Esse texto é a comprovação de que escoteiro é um ser humano como outro qualquer e também erra!
      Falhas sempre vão acontecer e o importante é não persistir no erro, mas mais do que isso devemos pensar no futuro dos nossos jovens que é o que realmente importa!
      Culpar uma associação por erros humanos não vai mudar nada.

      Um abraço e Sempre Alerta

  7. Olá a todos,

    parabéns pelo post, sou escotista do ramo pioneiro ha algum tempo, e atuo na formação e na equipe de adultos do ramo pio (CMPT ) da UEBRS, aonde estava este texto ha alguns anos atras huahauhauha perdemos alguns anos acordando alguns mestres e pioneiros que se agarravam nestas lendas se tornando refem desta fantasia… Ainda falta falar de outras coisas sobre mistica e etc… forquilha por exemplo.. mas deixaremos isso para o programa de jovens do ramo pioneiro que vai deliberar tambem sobre isso. Um a coisa é certa o novo pioneiro brasileiro será muito mais consciente do que ele quer para si, e para sua comunidade, estará mais presente nela e no mundo!!! Basta querer!!!

    Servir!!!

  8. Acho que é bem isso que os Pioneiros Vitor Caliari e Cesar Wild falaram no final do post: “[…] a base do ramo Pioneiro é servir a Deus e a Pátria, da mesma maneira que os cavaleiros”. e “Contudo, nossos deveres como PIONEIROS são simplesmente SERVIR a Deus, a pátria e ao próximo, assim como prometemos um dia, já a maneira como o faremos fica a cargo de cada um”.
    O misticismo é muito importante na medida em que sirva de complemento ao método do ramo Pioneiro. E não acho que a lenda do rei Arthur sejá um fundo de cena do ramo, mas sim tem semelhanças com o perfil que se espera de um Pioneiro: Sujeito de caráter, honrado, digno de confiança e que está sempre pronto para Servir.

    Igor Luciano
    Grupo Escoteiro Uniselva – 2º MT

  9. sobre o “misticismo doentio”, já ouvi falar (mestres discutindo isso com os jovens e dizendo pra não caírem nesse barco) sobre clãs que faziam até “pactos de sangue”, hehe… pra ver como o fanatismo chega a um nível extremo

  10. Angela Luiza Pizetta Altoe Domene

    Sempre Alerta a todos
    No Livro, Escotismo para Escotismo para RapazesB.P. diz está com dívida PERGUNTE AO JOVEM. Nós adultos somos apenas orientadores e não ditatores.

  11. Luiz Paulo Carneiro Maia

    Vocês citaram um artigo escrito por mim há uns 12 anos atrás para um site da UEB. Confesso que fiquei contente com os comentários feitos e nada tenho a alterar sobre o que escrevi. No entanto com relação ao Ramo Pioneiro – razão de eu ter feito aquele artigo devido as deturpações desde aquela época – tenho a dizer que infelizmente muita coisa precisaria ser revista 1.O MANEJO DO CLÃ e 2. O entendimento amadurecido do que o próprio BP coloca sobre OS 3 “SERVIR” DO PIONEIRO:
    1-Servir a si mesmo
    2-Servir ao Grupo Escoteiro
    3- Servir à comunidade

    OBS: Aqueles que se irritarem com o BP por favor Pensem com muita atenção do por que dessas 3 ações e de sua ordenação prioritária.

    Poderemos continuar a conversar se assim vocês quiserem
    Servir!
    Luiz Paulo

  12. Bom, sou a favor de utilizar a cavalaria como simbolo de honra e caráter com o intuito de servir…
    Sou a favor também da informação ser transmitida no cursos de formação…

    A ideia de utilizar preceitos dos modos da Cavalaria assim como alguns “ritos” de iniciação e investidura são validas, contanto que fique claro que são apenas uma forma de introduzir os novos membros como ato simbólico da passagem da idade.

    Muitas entidades com base nos mesmos princípios utilizados por B.P. para a criação do Escotismo utilizam formas “iniciáticas” para trazer os jovens para uma nova realidade de vida e conduta… Posso citar a Ordem DeMolay com um exemplo disso…

    No entanto sou contra o ato de “exagerar” nestas ritualísticas deixando de lado o real sentido do Pioneiro de Servir, como o lema mesmo diz “ICH DIEN” Eu Sirvo, utilizado por B.P. e tornar o Clã algo teatral e sem sentido de colocar os membros para atuar na sociedade como agentes de transformação e revitalização dos morais nos quais o Escotismo se baseia para tornar o meio em que vive um lugar melhor e mais digno para todos os moradores.
    Quando o Pioneiro deixa de “trabalhar” para Servir ao próximo e tornar-se uma pessoa digna e honrada, então o Clã deixou de realizar seu papel…

    Se o método utilizado para esta elevação é a observância dos ideais dos cavaleiros ou o outro que seja funcionar de maneira equilibrada no tocante a tornar o jovem Útil a sociedade e um ser humano melhor, basta para mim…

    No mais, ainda pretendo utilizar o método de “iniciação” segundo preceitos da Cavalaria para marcar a “passagem” para um novo degrau na evolução moral pessoal de cada um…

    Abraços a todos.

    Sempre Alerta para Servir o Melhor Possível!!!

  13. Se alguém se interessar…

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    http://www.facebook.com/note.php?note_id=2549828558143
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    Um texto sobre o Escotismo e a Maçonaria…

    Algo que muitos não sabem, mas poderiam utilizar para melhorar as condições dos Grupos ((amo menos sei que em SP funciona bem))

    A instituição Maçônica G.·.O.·.S.·.P.·. (Grande Oriente de São Paulo) auxilia Grupos Escoteiros que solicitem auxilio…

    Neste texto podemos entender um pouco desta ligação da Maçonaria com o Movimento Escoteiro e a relação de B.P. com a maçonaria…

    Talvez um tema para o seu blogue caro Irmão Pioneiro.

    SAPS

  14. Henrique Araújo

    Olá amigos
    primeiramente quero dizer que sou fã da banda RATAPLAN!!
    Sou do Rio Grande do Norte e participei ativamente do ramo pioneiro sendo exclusivamente pioneiro os 3 anos da idade prevista para participação.muito diferente da realidade da maioria dos pioneiros aqui no meu estado e em muitos grupos espalhados Brasil a fora.
    O que eu acho é que de alguns anos para cá nada do que eu conheci e vivenciei no movimento escoteiro serve para ajudar no crescimento ético e moral dos jovens geração anos 2000.
    Não é só a desvalorização de tradições nos grupos,clãs etc…é a descaracterização da figura do escoteiro que hoje basta colocar um lenço no pescoço com trajes ou roupas de qualquer motivo que o ESCOTEIRO está pronto para agir.
    A verdade é que para ser PIONEIRO MODERNO hoje em dia é não dar mais valor aos símbolos e tradições que funcionaram tão bem no passado. Esse papo de dizer que ramo pioneiro ou o escotismo não tem nada haver com lendas recomendo ler mais os livros de BP,onde por várias vezes o fundador cita Arthur e seu código de honra.
    Comparem as virtudes pioneiras que são supostamente as virtudes dos cavaleiros da távola aos artigos da lei escoteira!!!
    Se o jovem MODERNO não dá valor a fantasia,por que Harry Potter faz tanto sucesso? ou series de tv como GAME OF TRHONES?Senhor dos Anéis?… enfim não estou pregando que os pioneiros devem sair por aí fantasiados feito cavaleiros medievais, piratas, cavaleiros JEDI,..etc….acho que cada clã pioneiro é livre para criar sua própria metodologia para marcar a passagem de fase definitiva entre ramo sênior e ramo pioneiro,quem ignora isso lhes garanto que pratica um escotismo sem graça e sem ser marcante.
    Tive um mestre pioneiro que soube criar um momento único para cada pioneiro que se investiu no meu CLÃ DRAGÃO( AH A PALAVRA CLÃ VEM DE CLAN, QUE VEM DA EUROPA, QUE VEM DE CLANS DE FAMÍLIAS ,CAVALEIROS E GUERREIROS NÉ… HUMMMM)
    Defendo sim a prática LÚDICA no ramo pioneiro,sênior,escoteiro e principalmente no lobinho,agora se tem gente dentro do movimento escoteiro seguindo rituais de bruxinhas de filmes classe B!!! aí é outra estória e deve-se haver cuidado nesse sentido.
    O mistério envolta das investiduras pioneiras causavam desejo de conquistar e depois de investidos os pioneiros se sentiam MAIS PIONEIROS,prontos para servir,honrar sua pátria,ajudar o próximo,seu grupo de escoteiros,ser útil a sociedade,ser exemplo para os mais novos de cada ramo etc…
    Aos que desejam praticar o escotismo SÓBRIO demais lhes desejo sorte,mas lhes garanto que se visitarem um CLÃ PIONEIRO aqui no RN além de conferirem que todos estão sempre ávidos AO SERVIR,são todos mais do que apaixonados por seu ramo…..

  15. Prezado Cesar,
    coube-me dirigir o curso técnico de mística escoteira (já por 5 edições consecutivas) na Região do Rio Grande do Sul. Um dos pontos que procuro pôr em destaque é, exatamente, a diferença conceitual entre mística e misticismo. Fiquei positivamente impressionado com a lucidez e propriedade com que focas essa diferença no texto em análise. Parabéns. Sem dúvida, as virtudes dos cavaleiros podem ser elementos motivadores interessantes e, talvez, importantes, no ramo pioneiro. Mas não indispensáveis ou passíveis de uma espécie de “culto” (favor entender essa palavra em termos amplos, sem qualquer intenção de vínculo com religiosidade). Temos enfocado no curso, exatamente, a não-necessidade de um fundo de cena no ramo pioneiro, mas a importância de um construto simbólico que possa ser significativo para o contexto de cada clã em particular. Parece que nos aproximamos em nossas linguagens.

    • Obrigado, Rudolfo.
      Fui muito bem orientado em meu período no clã pioneiro, pelo Chefe Luiz Cesar Horn(Miro), por isso passei a ter uma visão diferenciada sobre essa questão.
      Um forte abraço, Cesar.

  16. Texto maravilhoso. Sou pioneiro no rio grande do sul, estado tipicamente mais tradicional e que dificilmente larga as tradiccoes, Quando fui abrir o clã no inicio de 2016, fui bombardeado por adeptos dos dois lados, e optei pelo lado mais livre. Meu cla nao tem nome relacionado ao rei artur e seus feitos, e o nome de uma arvore, e me parece bem satisfatorio.
    Toda a mistica e valida em todos os ramos, tendo o seu limite, e acho que abri-la no ramo pioneiro e muito saudavel, pois o objetivo do ramo e nos preparar para a vida adulta, e nao a formar pseudo cavaleiros. E mais, todas as ordens de cavalaria ja existentes serviram radicalmente uma causa, lutando por uns, ignorando outros e matando muitos. O primeiro passo para construcao de uma mistica e pensar criticamente em cima daquilo que se vai cultuar.
    SERVYR!

  17. Luiz Felipe Faustino

    Olá leitores, sou mestre pioneiro e também estou me aprofundando em nosso ramo… sobre a questão acredito que um pouco da mística de cavalaria não faz mal, é até interessante aos jovens, sempre atrai interesse… o que não acho legal é o clã se tornar um grupo de atores, fazendo roupas com sacos de batata, cozinhando legumes e bacon em panelas de barro e jantando a luz de velas… tudo isso não pra levantar fundos para uma atividade de serviço ou benfeitorias para o grupo ou comunidade, mas apenas para um jovem poder fazer sua investidura, e fazer o mesmo com outro, e outro e outro jovem… O que importa são os objetivos, valores, virtudes….. SERVIR sempre! Abrçs

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